sábado, 23 de janeiro de 2010

a filosofia do mandiopan


nunca vou me esquecer de quando, aos quinze anos, li "feliz ano velho", de marcelo rubens paiva. a idéia de um carinha daquela idade estar confinado pelo resto da vida a uma cadeira de rodas me incomodava e muito.
uma das coisas que também não me esqueço era uma das coisas que o enfermeiro dele dizia: "não esquenta a cabeça senão caspa vira mandiopan". pra quem não é da época, mandiopan foi o primeiro "salgadinho" fabricado no brasil e, mesmo tendo a fama de ser encharcado de óleo - não existia a gordura trans - fazia o maior sucesso nos anos 80. eu adorava a "filosofia" por trás da frase.
e devo estar distribuindo mandiopans por onde passo, ainda que não tenha caspa.
minha cabeça anda cheia, decisões daqui e dali, atitudes a serem tomadas e eu sem coragem, sem vontade, sem o menos tesão pra nada.
bem, marcelo rubens paiva virou escritor de sucesso. continua na cadeira de rodas, mas ninguém parece nem notar, o que acho sensacional. fui fã dele durante muito tempo. agora, separo o escritor da pessoa e vejo que ele deve ser uma ótima pessoa, mas feliz ano velho foi o único livro que li, além de algumas colunas que ele escrevia em algum jornal que não me lembro.
o mandiopan sumiu do mercado.
e eu continuo esquentando a cabeça e me lembrando da frase.
por hoje, ao menos, vou seguir o conselho do tal enfermeiro. deixar qualquer preocupação de lado, inclusive a da gordura trans, e ficar na minha, sossegada, tranqüila e deixando a vida me levar, lembrando - é lógico - do grande zeca pagodinho.
falei!

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