segunda-feira, 17 de junho de 2013

nada mais importa



olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também. tá me entendendo? eu sei que sim. eu entro nesse barco, é só me pedir. nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. porque sozinha, não vou. não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo o comer direito, vou todo dia pra academia, mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade, muita vontade! eu começo a ler sobre ficção científica, esportes e até sobre a dissolução da união soviética. aprendo a pensar – ah, isso não! – se precisar. mas, não esqueça, você tem que remar também. eu sou de desistir fácil, de virar a página, você tá sabendo. e talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só você me pedir. perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. mas você tem que prometer que vai remar junto comigo. mesmo se esse barco estiver furado, eu vou, basta me pedir. mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nada junto. eu detesto praia, você sabe, mas você me ensina a nadar, mas você tem que prometer que vai acreditar em mim, que vai tentar, que vai se esforçar e que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, tem que ser sério. se não, eu fico. me mostra que vale a pena. que por você vale a pena. que, por nós, vale a pena. que vale a pena tentar. que vale a pena remar. remar. re-amar. amar.
ufa. falei.
 

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