"olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa.
talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou precipitada demais, que coloco em palavras todo o meu processo mental. processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado, e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir.
eu não queria que fosse assim. eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa"
caio fernando de abreu me acompanhou a juventude toda. (poxa, eu nunca falei nem pensei em juventude!!!). ele era um daqueles autores que eu adorava e seus morangos mofados eram constantemente lembrados.
mas morreu cedo, como os bons. como leminski.
mas eu continuo aqui firme e forte, mas nem tanto.
são tantos que dizem que me escondo. mas é mesmo por timidez, vergonha até. mas isso nunca me fez deixar de ser quem eu sou. inteira, completa e com meus defeitos!
e o que tá escrito lá em cima era é o que eu penso agora, nesse exato momento.
às vezes, a gente se segura a toa. não faz o que quer, deixando de lado um pedaco enorme da gente mesmo.
juro que não farei mais isso. não me escondo mais porque quando me escondo a única coisa que ganho é uma bela e grande perda de tempo.
ou será que me escondo e me revelo aos poucos, mas sem demorar tanto?!
vou tentando e, no caminho, eu descubro.
basta. e punto!
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